Natal de 1994. Por volta das 2 horas da manhã do dia 25 de dezembro, um jovem de 18 anos, morador de rua, desistia de viver. Estava prestes a pular do Viaduto Doutor Arnaldo, na zona oeste da capital paulista. Já havia até escrito uma carta para a mulher que aprendeu a chamar de mãe, embora sequer soubesse de seu paradeiro. Sem pai nem mãe, abandonado aos 5 anos de idade, Milton Adalberto da Silva havia vivido até os 18 anos sob custódia do Estado.
Aos 6 anos de idade, seguiu para um orfanato no interior de São Paulo, de onde traz amargas lembranças de violência e descaso. Já adolescente, por volta dos 15 anos, foi para a Febem, como menor infrator. Saiu de lá e ficou 3 meses em uma pensão paga pelo governo, depois foi para as ruas de São Paulo. Passou fome, frio, medo, viciou-se em drogas e álcool. Tudo parecia perdido. Daí a ideia de se matar.